Para início de conversa
Nascida no segundo ano dos anos 90, vim de uma geração que vai entendendo esse negócio que chamamos de internet. A escrita sempre foi companheira. Quem lembra dos diários com cadeados, cheirinhos e afins? Eu sempre tinha um. Mas, veja só, escrevia e me afastava. Não sustentava aquilo por muito tempo.
Com o advento da internet, migrei para Orkut, Fotolog, Blogspot, Wordpress e Instagram, sem abandonar o diário de papel. Se o Instagram é o que temos hoje como um dos espaços mais comum para compartilhar pensamentos, trabalhos, entre outros, entendo que lá não me cabe muito, já que eu gosto de escrever demorado e convidar para leituras mais extensas, mesmo que digitais.
Assim, lendo algumas newsletter, resolvi fazer a minha. Acho que é mais intimista, chega quem tem mais ou menos algum interesse e me posiciono como quem escreve cartas contando um pouco do lado de cá.
Ao menos uma vez por mês quero vir aqui, me dedicar a escrever e contar sobre psicologia, psicanálise, política e a vida que acontece em meio a tantas coisas que eu sou e que gosto. E quanto a você, que possa ser um tempo interessante a leitura aqui.
Com carinho e esperança de dias melhores,
Vanessa.
Por que a psicologia e, depois, a psicanálise?
Sou interrogada das motivações por escolher psicologia desde antes de entrar na graduação. Essa é uma questão que já persegui com maior afinco e, ao longo dos anos, me permiti encontrar com várias outras. As questões tem seu caldo engrossado quando vou me aventurando pela psicanálise sem ter muita dimensão de onde é que estava me metendo. Embora não tenha muita certeza hoje em dia, compreendi que as perguntas feitas sobre a minha profissão e ocupação são intrínsecas ao meu trabalho e que sem elas, não sou. É bom ter respostas, mas compreendendo que elas não são prontas, é necessário suportar um bocado a angústia das perguntas.
Pensando nas perguntas, me parece que escrever uma newsletter é esboço de resposta. A psicologia e a psicanálise são áreas do saber, como outras tantas, em disputa. Aqui, pretendo trazer alguma verdade, com embasamento científico, referências legitimadas e fruto de alguma dedicação da minha parte. Não chegue aqui achando que é O lugar. É só mais um, entre tantos, que espero fazer algum sentido do lado daí.
Assim, nessa seção da newsletter, pretendo escrever meus pensamentos quanto a minha profissão, minha jornada acadêmica, teorias, artigos e leituras da área que realizo. Inicio em 2022 o mestrado em psicologia e acho que aqui também posso encontrar fôlego pro lado de lá.
E sim, ao sentar e escrever para vocês estarei trabalhando.
Sem remuneração? Depende!
Nos meus sonhos esse pode ser um espaço colaborativo, com outras pessoas escrevendo e, com quem lê, investindo.
Como você do lado daí pode investir?
Me contando o que achou do que aqui encontrou. Compartilhando, indicando e estando aí comigo. Mas, eu acredito que também possamos falar de dinheiro aqui (esse assunto pode ser recorrente, já que é sintomático).
Sim, acho que é difícil escrever, falar e se relacionar com dinheiro. Mas é preciso encarar isso de frente, então, neste material vai ficar a seu critério quando, quanto e se quer investir, combinado? E se pra você for possível….
ATENÇÃO: este post foi atualizado em 21/12/2023 e o pix não precisa ser enviado. Mas para manter a versão original dele, as informações seguirão aqui.
“E se eu parasse de comprar? O ano que fiquei fora de moda.”
Eu disse ali em cima que foi lendo algumas newsletter que fiquei com vontade de escrever a minha e isso é uma verdade. Mas, foi depois de ler o livro “E se eu parasse de comprar? O ano que fiquei fora de moda” de Joanna Moura que fiquei mais instigada a escrever. O livro saiu pela editora Harper Collins e é desses que você lê tomando café da manhã ou antes de dormir, dada a leveza.
Lê-lo me transportou para a época dos blogs (que também mencionei ali atrás). Eu acompanhava o seu “Um ano sem Zara”, onde ela postou looks durante um ano, com tudo que tinha no guarda-roupa, depois que se viu numa enrascada financeira. Ela decidiu parar de comprar, por um ano. Acredito que é uma leitura importante de ser feita levando em consideração questões de raça, classe e gênero. O consumo está para todos (?), mas com dimensões muito distintas, em especial no país em que vivemos.
Foi mencionando sobre dinheiro na seção anterior que logo me veio esse livro à ④ cabeça. Ali ela versa sobre consumo na moda. Na narrativa, diálogos com ela mesmo e com a mãe sobre o uso do seu dinheiro se fazem presentes. Segundo a mãe de Joanna, não há nada melhor do que ter o próprio dinheiro “e poder gastá-lo do jeito que você bem entender, sem ter que dar satisfação pra ninguém”. A questão é que ninguém - ou pelo menos não até a educação financeira em alguma medida se popularizar - nos ensinou como devemos administrar nosso dinheiro. Ninguém contou que cheque especial e cartão de crédito é dinheiro do banco e não nosso, logo, se usamos, devemos.
Outro aspecto que me chama atenção no livro é o fato de Joanna direta ou indiretamente apresentar o consumo como algo identitário, algo como “consumo, logo sou”. Ao perceber isso na narrativa do texto, lembrei da psicanalista Marion Minerbo que em algumas publicações suas trata sobre o “Caso Bia”, alguém que tinha compulsão por comprar grifes. Esses objetos eram ela, no modo de funcionamento psíquico que a constituía. Certo dia sua mala foi extraviada com esses “objetos identitários” se perdem e ela ruiu. Sobre esse caso e sua articulação com a psicanálise sugiro a leitura do artigo “Identidade psicanalítica: a desconstrução de um significante” que você pode acessar clicando aqui.
Voltando ao livro, parece que Joanna se organizou escrevendo. No blog, no livro. “E se eu escrevesse uma newsletter?”, o que viria daí? Bom, é preciso acompanhar para saber.
Oi, tem alguém aí ainda?
Não sei o que vai ser disso aqui quando tudo estiver acontecendo.
Aulas, atendimentos, mestrado, vida.
Ainda sim, se isso for pra frente, é mais ou menos assim que pretendo caminhar com as coisas.
Se quiser ficar, eu fico grata!
Um abraço apertado!
Até mais!
Parabéns pela iniciativa Van! Muito bom acompanhar seus voos!
Adorei a iniciativa. O melhor é que quando tava lendo a que fala sobre moda e grife, eu logo pensei no Caso Bia tbm. Foi legal ver que você mencionou ele. Haha Segue ai escrevendo, que eu seguirei lendo. Beijos.